“O que é o amanhecer? Muitos teóricos e
cientistas dirão que é o período onde surge a primeira luz da manhã, o romper
do dia. Mas outros, mais espirituais, dirão que é um começo, uma nova era, um
período que se inicia. Ambos estão corretos, não iremos desmentir verdades, mas
nenhuma dessas teorias explicaria o que sentimos quando vimos um amanhecer no
horizonte.”
Era uma manhã do dia 7 de janeiro de 1817, na Suécia,
depois de uma noite turbulenta, o sol aparecia entre as nuvens, soltando uma
luz onde o decair dos pingos finos de chuva brilhavam e muitos enfeitavam a
beleza da paisagem de árvores de pinheiros feitas para aquele tipo de solo, com
um arco-íris. Suas folhas verdes e fortes sustentavam a neve de inverno que
esbranquiçando a montanha, a menor das várias que se seguiam, dava um ar de
serenidade ao ambiente. Nessas cordilheiras, entre os três pinheiros mais altos
e fortes, sendo rodeada por neve, mas apenas rodeada, uma criatura abria os olhos,
sendo opacos assim como a sua pele, entretanto, seus cabelos, longos e grossos,
como cobertas para o inverno, eram castanhos escuros. Este ser erguia seu
tronco calmamente, como se o lugar não fizesse mal, mesmo sendo uma manhã de -
2 °C. Seus olhos percorriam todo o ambiente, um lugar inóspito, apenas algumas
árvores pinheiros floresciam e outras tantas velhas permaneciam. Nenhum animal
a vista ou tão pouco humanos...
Os olhos
do ser estreitavam-se um pouco, mas logo soltavam com um imenso sorriso jovial,
doce e branco. Por fim erguia-se e tentava caminhar, tentava caminhar, seus
passos desajeitados, apesar da pouca neve, não conseguiam seguir em frente.
Foram três quedas antes de conseguir dar os primeiros passos. Os pinheiros
riam, apesar de só demonstrarem-se com o vento que as balançava e o jogar de
pinhas para talvez ajudar, não se sabia ao certo. O importante agora, é que
neste momento ela olhava por fora de sua ‘coberta’ de folhas e de pinhas,
finalmente notava a cordilheira branca pela neve, o sol entre as nuvens criando
o arco-íris no céu.
Respirando
fundo aquele ar puro e gélido, dava os primeiros passos sobre a neve fofa. Os
braços abraçavam o corpo com um assopro do senhor vento, fazendo os cabelos,
castanhos e bem longos erguerem-se, criando cor naquele mundo branco. O ser não
parava de caminhar, mesmo despido, o frio não atrapalhava os passos firmes
sobre a neve. E por alguns minutos o vento, que apenas soprava, se fortalecia agora
fazendo as nuvens cobrirem o sol e estas descarregarem sua pesada carga de água
congelada. Eram finos flocos de neves, mas com a força do vento elas
transformavam-se em camadas de gelo sobre a terra. Ninguém poderia sobreviver a
aquela tempestade, era o que qualquer um pensaria e o que o ser pensava quando
ao longe, percebia-se um toque de castanho na neve branca. Descendo a montanha,
essa cor parda não era uma árvore ou ser vivo, tratava-se vivamente de uma
construção de humanos. O ser respirava aliviado e sorria, mesmo que a neve
atrapalhasse o caminhar, os passos firmes não cessavam. Foram alguns minutos de
caminhada até chegar ao destino.
Era uma
cabana pequena, mas possuía madeiras resistentes. A frente da casa era composta
de uma varanda simples, possuindo vários troncos de madeira entulhados, estavam
com pouca neve, provavelmente foram mexidas á pouco tempo. O ser olhava para a
porta, mas não movia os braços do abraço, apenas caminhava em sua direção,
pouco a pouco, com passos lentos, foi aproximando-se da porta, até o instante
em que seu corpo transpassava com facilidade o objeto, que estava a sua frente.
Talvez o ser sabia disso, mas não parecia achar natural, dentro da cabana
olhava seus braços e corpo, além de puxar os longos cabelos castanhos. Por fim
olhava o ambiente, mas apenas, porque escutou um som melodioso de uma canção,
era uma voz feminina, de ninar, além da brasa estalando na chaminé que ficava
no lado direito, junto com as cadeiras feitas de madeira coberta por pele de
vários tipos de animais, inclusive de ursos.
Então
voltava a caminhar, e subia as escadas que estavam depois da chaminé e antes da
cozinha, também feitas de maneira. Queria saber de onde vinha à canção, sua
face de curiosidade não enganava ninguém, e esta voz parecia vir de cima,
existia um segundo andar. Pelo corredor, depois da escada, existiam três portas
em seu lado direito, com a segunda apenas escancarada, uma voz que até Loki, o
deus da travessura, invejaria vinha desta. Com passos calmos, mas grandes,
silenciosos, mas firmes, chegava ao pretendido e espreitava pela brecha uma
cena simples e que ficaria em sua mente para sempre...
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Astride Singrid, uma mulher
madura, de cabelos negros como a noite trançados de uma forma tão delicada que
nenhum fio de cabelo se arrepiava, tinha seus olhos também negros, observando
uma criatura minúscula, de bochechas rosadas, pele esbranquiçada que sem querer
pareciam dobraduras de papeis. Esse pequeno bebê como a bela mulher chamava em sua
canção, parecia dormir docemente nos braços calorosos e quentinhos de astride,
esta que debruçava seu corpo sobre uma cadeira onde balançava docemente.
- Ele dormiu?! – Uma segunda voz apresentava, um homem,
de cabelos curtos, aparentava ter no mínimo 30 anos e seus olhos, castanhos,
pareciam brilhar de felicidade ao se aproximar das duas mulheres ali presente,
parecia que estava do outro lado do quarto, talvez sentado ou apenas
observativo.
- Sim, nosso bebê parece agora que está sonhando com as
valkirias, meu querido Belford. – respondia Astride, correspondendo o sorriso
do marido.
- Ele será um grande guerreiro como meu avô.
- Você e seu avô... – Astride ria um pouco erguendo com
dificuldade, principalmente com o bebê no colo – Ele era apenas um aventureiro
lunático.
-- Aventureiro?! Ele era um grande guerreiro, protegido
não só pela melhor disír que Midgard já vivenciou, mas também era um enviado de
Thor e seu pai, Odin!
- Fale baixo, olhe só acabou de acordar o bebê...
- Opa, desculpe, me empolguei...
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Tudo
isso o ser ouvia e tudo isso admirava e gostava, olhando com afinidade para os
humanos, felizes pelo nascimento da criança. Então sorria e encostava-se ao
batente da porta. Esse era seu propósito ali, esperar até que a interferência de
Thor pusesse nas mãos dela o pretendido destino. A criança que nascera não era
apenas um ser, era uma esperança, sabia disso.
“humanos sentem isso não é? Esperança, por um amanhecer
melhor, por um mundo melhor. Eu os admiro” – Pensa a disír Kelda Singrid,
observativa.
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